2012-03-21

Amanhã

Amanhã eu vou ser grilo,
Vou cantar até morrer.
Vou ser vida proibida,
E teimar-me em nascer.
Vou ser luz, vou ser calor,
Um quadro de cores tentadoras.
Serei esperança e coragem,
Um assomo de liberdade,
Ou apenas a sua imagem.

Vou ser a flor que não é
E o verde que devia ser.
Vou ser a força que não tenho,
E a que poderia ter.
Vou ser palavras amigas,
E o outro com ouvidos.
Vou ser dois braços amigos,
O que sinto e os teus sentidos.

Amanhã eu vou lembra-me,
Fingir tudo sem fingir,
Ser o poeta que não sou,
Poetastro de mau vinho.
Vou esconder os meus rancores,
E deixar de ouvir o mar,
Resmungar palavras tolas
E brindar à Vera Prima.